(EUA – 1964/71 – 35mm – 70 min)
DIREÇÃO: James Bidgood
ELENCO: Bobby Kendall
ROTEIRO: James Bidgood
PRODUÇÃO: James Bidgood
FOTOGRAFIA: James Bidgood
EDIÇÃO: Martin Jay Sadoff
MÚSICA: Martin Jay Sadoff, Gary Goch
Por sete anos o fotógrafo de Nova York James Bidgood trabalhou nesse filme rodado em super-8 e 16mm, um poema erótico de visual insuspeito. Seu pequeno apartamento de Manhattan transformou-se em set de filmagem, que ia se modificando com a inclusão de peças de extremo kitsch. Essa decoração over-camp de Bidgood lembra hoje o trabalho da dupla francesa Pierre & Giles. O michê Pink Narcissus está num quarto de hotel em Times Square à espera de seu próximo cliente. Enquanto isso, entrega-se a uma série de sonhos eróticos em que se vê uma vez participando de uma noite gay das Arábias, em outra posando como heróico toureiro ou ainda como um escravo romano. Quando o filme estreou nos Estados Unidos em 1971, o nome de Bidgood sequer foi creditado. Foi anunciado como “feito por Anônimo”. Por anos o verdadeiro autor permaneceu desconhecido, apesar de o longa ter assumido caráter cult por sua erótica homo e artística extravagância. Bidgood só revelou a autoria nos anos 90, quando já esquecido e pobre. Afirmou que à época queimara o storyboard original e se afastara do filme quando não lhe permitiram o corte final. Correm lendas de que Andy Warhol ajudou na produção. Bobby Kendall é o pseudônimo que Bidgood deu ao seu namorado modelo, com quem viveu durante boa parte da filmagem. Repare na presença não-creditada no filme do dramatarguo Charles Ludlam (1943-1987), em papeis diversos como um cego, um pizzaiolo e um dançarino hindu. O filme ficou por anos em exibição em sessões cult em Paris, e o cineasta John Waters o apresentou em sua série “John Waters Presents Movies That Will Corrupt You”. Este é o único filme de Bidgood.