18 NOV | SEXTA-FEIRA @ CCSP – SALA ADONIRAN BARBOSA
19h00 (120′) 18 anos | Performance
#queer #gay #documental #performativo #dramatica
“Quando houver o espectro de morte, operar vida.” Esta era uma das frases mais profanadas pelo nosso fundador e encenador Marcelo Denny (1969-2020). Sua morte veio assolando o grupo que se viu violentado pelo Estado, pelos direitos e pela falta de amparo para ritualizar sua passagem.
Sem podermos nos reunir em eventos, com a pandemia em seu auge, sem vacinas e sem perspectiva, o grupo precisou erguer uma ação despretensiosa de espetacularização, e que permeia essa dor, que pudesse expurgar a idealização de um velório. A performance-ação-ritual “Viver é Urgente” é resultante de uma união de ideias, entre a tecnologia, a história do grupo e, principalmente, o risco de vida.
A morte não é mais um medo, é uma realidade. A partir dessa realidade como chão foi que buscamos amarrar tudo que nós poderíamos nos infringir para nos sentirmos novamente VIVOS.
Criamos uma zona autônoma temporal e tecnológica como uma linha do tempo do grupo e das histórias de afeto; vídeos, imagens e um conglomerado de mídias que gera uma redoma de lembranças, onde o grupo dança freneticamente até a exaustão e marca em sua pele, diariamente, através de tatuagem, as palavras “Viver É Urgente”.
Durante a ação, o grupo atinge novos topos de sensações e estados físicos; todos ali servem de apoio, ora estético, ou moral e sentimental, para que essa conexão seja criada e a pulsão de vida seja atingida. Dessa forma, um ritual íntimo de desmortificação se instaura, e se estabelecem as possibilidades de coexistência, relação e até mesmo interação com o público.
Atualmente, vivemos a sombra de que todos perdemos alguém na pandemia, ou conhecemos alguém que perdeu alguém. Esse luto universal e todas as retomadas e receios que criamos nos deixaram presos, amedrontados, e precisamos criar novas formas de exaltar nossas vidas, a existência em si, exaltar alguns riscos; algumas decisões podem parecer exageradas, mas sem o limite do excesso não se exala vida, pois a morte está dada ao nosso redor.
O grupo que sobrevive na realidade atualmente fascista e necropolítica do Brazil, que se mantém independente sem apoio financeiro privado ou governamental e que se une para vivificar suas experiências e pesquisar formas de encenar essas vísceras é algo raro. Somos 13 corpos que lutam no capital a sua vivência, remoendo de dentro para transformar um dos países mais homofóbicos, transfóbicos, sorofóbicos e racistas dessa tropicalidade que é a América Latina.
Ficha Técnica
Direção e concepção: Marcelo D’Avilla
Assistência de direção e produção: Mateus Rodrigues, Wesley Lima
Elenco do Teatro da Pombagira: Andre Veron, Andrew Tassinari (Roxa), Hugo Faz, Lua Negrão, Mateus Rodrigues, Marcelo D’Avilla, Priscilla Toscano, Renato Teixeira, Ricardo Mesquita, Snoo, Wesley Lima, Zen Damasceno
Elenco de apoio: Dandara Leste, Poderosa Ísis, Douglas Ricci, Guira Bara, Flavio Pacato, Lucas Loduca, Rodrigo Duo
Cenografia: Brugnara
Trilha sonora: Renato Navarro
Design de luz: Quinho Gonça