#PERSISTIR
É 2019, e tudo o que mais temíamos aconteceu. Uma guerra cultural foi declarada unilateralmente e tem como principais alvos a educação, a cultura, a ciência e as minorias, em especial a população LGBTQI+.
Passado o primeiro momento de perplexidade, vimos a cena cultural dita “temática” reagir com vigor. Nunca se produziu e se falou tanto sobre identidade e direitos. Foram inscritos no 27º Mix Brasil 158 curtas-metragens e 28 longas, produzidos no Brasil entre o final de 2018 e meados de 2019, tratando da diversidade sexual – destes, selecionamos 56. Assistimos e recebemos material de mais de três dezenas de espetáculos teatrais abordando esse tema. Um grande número de artistas trans, queer, gays, lésbicas e não binárias tiveram destaque na cena musical brasileira neste ano marcado pela palavra “Resistência” – que foi justamente o tema do Mix Brasil de 2018.
Esse ano mais do que resistir, devemos persistir, palavra que vem do latim e quer dizer ‘manter com firmeza’. É importante nos mantermos unidos, buscando e compartilhando interesses e áreas comuns entre nossas diversas bolhas. Persistindo, juntos, ganhamos mais força.
E sim, temos motivos para comemorar. Na Mostra Competitiva Brasil de Curtas, entre os 16
filmes selecionados, temos 11 diretoras mulheres. Nunca houve presença tão grande de pessoas negras retratadas nos filmes, nem tantos trabalhos olhando para a Amazônia.
O eixo Games estreou no ano passado e fica mais forte a cada passo – pela primeira vez,
organizaremos aqui uma competição.
A quinta edição da nossa Conferência, em 13 mesas, avançará por discussões sobre temas
como os caminhos da produção musical negra e LGBTQI+ que saiu das periferias, mulheres
invisíveis no cinema, despatologização e tratamentos hormonais de pessoas trans, e o futuro das relações de trabalho sob a perspectiva LGBTQI+.
O Show do Gongo comemora 20 anos em uma versão All Stars. Por sua vez, o Mix Literário, já estabelecido como um dos principais fóruns da produção literária LGBTQI+ nacional, acontece na renovada Biblioteca Mário de Andrade.
E por falar em espaços, além das nossas tradicionais sedes – Centro Cultural São Paulo (CCSP), CineSesc, Espaço Itaú de Cinema e Cine Olido –, voltamos neste ano para o Museu da Imagem e do Som (MIS), nossa primeira casa, e participamos da programação do novo Centro Cultural da Diversidade, da Secretaria Municipal de Cultura. Marina Lima, diva cool absoluta da música brasileira que sempre questionou rótulos, é a homenageada com o prêmio Ícone Mix.
Nós do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade nos orgulhamos de ser parte do movimento que está fazendo de São Paulo um farol na escuridão que ameaça avançar sobre o Brasil.
André Fischer, Josi Geller e equipe do Mix Brasil